31/03/2013

A vida que se leva [...]


Boa tarde, gatos&gatas! Quem vos fala é uma pessoa que merecia apanhar por sumir tanto tempo assim. Sim, eu mesma: Paola! Bem, o meu post de hoje vai falar sobre quem eu sou. Sobre quem você é. Sobre quem todos nós somos. Ou pelo menos, uma parte de nós. Espero que me permitam tocar em um assunto um tanto quanto peculiarmente pessoal, porque, sinceramente... Eu não me permitiria. 
Vamos lá? 

Esses dias estava viajando de volta pra casa. Bem, eu viajo muito: do interior ao grande e voraz centro urbano chamado São Paulo. E foi uma das tão magníficas vezes em que viajamos em um horário ótimo para observar o céu: próximo do por-do-sol. Aquele por-do-sol que pincelava as nuvens do céu com os raios solares alaranjados. A imensidão azul tornava-se amarelada, algo realmente lindo de ser vislumbrado. 
No rádio, começou a tocar aquela música que eu sei que todo o mundo aqui já ouviu falar: "O Passageiro", da banda Capital Inicial. 
Podem me chamar de desocupada, porém, isso não vai mudar o fato de que eu sempre vou imaginar a música que ouço. É algo que vai além das minhas escolhas. Eu preciso saber a verdade por trás da melodia.
E o fiz. 
No começo, pude ver um homem em um carro, dirigindo pelas ruas de uma grande cidade à luz do luar. Ele estava triste. Por que ele estava triste? Porque estava sozinho. 
E a música continua: o cenário se altera, e o homem continua ali. Até que ele olha pela janela, e vê alguém "lhe pedindo carona". Essa pessoa entra no carro, e "o passageiro" sorri. Pois naquela noite "tudo soa tão bem". Porque ele não estava mais sozinho.
No entanto, isso apenas apoia minha teoria: entonar na canção que foi "tudo feito para mim e você". No refrão, o cantor soa: "cantando lá, lá, lá, lá" e uma voz, mais ao fundo, uma segunda voz - ao que se entende - conclui a estrofe completando a melodia ao som de "lá lá lá lá". 
No sentindo metafórico, imaginei que somos todos passageiros de nossas vidas, rodando-a em busca de alguém para entrar em nossos carros e preencher seu vazio. Buscamos companhia.
Mas vejam bem: se passamos uma vida inteira buscando companhia, por que é que nós morremos sozinhos?
Pra que é tão importante ter a companhia de pessoas que, como tradição, irão nos enterrar num caixão para que passemos a eternidade sozinhos alí? É só pra que aturemos mágoas, frustrações e tenhamos algumas memórias à custa de outras pessoas para que no final nada vá "valer a pena"? 
Porque isso nos faz bem.
Essas memórias compostas por cheiros, visões... Risos. O cheiro da sua mãe, do seu pai, dos seus avós. Aquele cheiro caseiro de abraçar a mãe e inalar aquele delicioso cheirinho de baunilha. Abraçar o pai e se embriagar com aquele cheirinho de hortelã, de menta. Abraçar a vovó e sentir aquele cheirinho de bolo, de bala, de sopa. De comida única e especial. Abraçar o vovô e sentir aquele cheiro forte de cachimbo encher suas narinas, mesmo que seu avô sequer tenha um. 
As visões ao lado das pessoas que você ama. Junto delas, olhar pro céu do fim de tarde, do amanhecer. Olhar pra insaciável fome das ondas do mar ao te puxarem e empurrarem à beira da praia. 
E os risos. Ah, os risos... A mais doce e suave melodia da vida. Essa música tão boa lhe saciando os ouvidos... Composta por diferentes risadas. Risadas da sua família. Dos seus amigos. Do seu amor...
Risadas que você, sem ter permissão, absorveu para a memória e nunca deixará que vão embora. E, sem sequer perceber, você doou sua própria risada para a memória dos outros. 
A memória é composta por coisas subjetivamente únicas. Os risos, os cheiros, os sons, as visões, os sabores. Tudo que apenas tem valor por você ter aproveitado-se ao lado de quem ama, já amou, irá amar. 
A vida é composta de memórias. E as memórias são compostas de pessoas. 
E mesmo sabendo que vamos morrer sozinhos, o que nos importa é ter vivido acompanhados.
Acompanhados pela felicidade. Pelo amor. Pela tristeza.
Acompanhados pela memória. 
E o que levaremos da vida? Simples.
A vida que levamos.


E é isso, pessoal! Espero que tenham gostado, odiado, chorado ou amado. Só espero por reações fortes! 
Comentem e digam-me mais sobre suas memórias!
E para meu próximo for, querem algo sobre:
Livros;
Música;
Reflexão;
Filmes;
Outros (comentem quais!)

Ah, à propósito, o que vocês acham de uma vez por mês, por semana, a cada duas semanas, tanto faz, eu postar um vídeo aqui no blog sobre assuntos alheios abordando a sociedade em que vivemos? 
Beijos, até a próxima!

Por Paola Senger

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